sábado, 29 de maio de 2010
mix&match - 1ª crónica (edição 62 Revista SIM)
Nesta primeira crónica de e sobre moda queria propor-me reflectir sobre moda.
O que é moda? O que significa estar na moda? Quem são os trendsetters? Quais os factores que influenciam a moda que consumimos? Será a moda também uma forma de arte ou restringe-se apenas ao domínio da indústria? Quem cria? Como o faz? O que é a fast fashion?
Demasiadas questões para responder em tão curto espaço, mas que abordarei ao longo do tempo nas minhas crónicas mix&match. Intitulo-as deste modo pois este é o meu lema de moda, misturar e combinar de forma intuitiva e criativa.
Para já, e em primeiro momento, acredito ser pertinente dizer que vivo e respiro moda.
Gosto de vestidos, vestidos de autor e vestidos a preço de saldo. Gosto de sapatos, de saltos muito altos, de botins com cordões, de ténis muito confortáveis. Gosto de óculos de sol e de unhas pintadas. Gosto de cinema, de fotografia, de pintura e do pormenor. Gosto de vestir personagens. Gosto de vintage. Gosto de volumes, de estruturas, de folhos, laços e laçadas e de new shapes. Gosto de chapéus e boinas e de uma flor no cabelo. Gosto de roupa ultra feminina mas também do look garçon, coletes e gravatas. Gosto de vestidos anos 60 em tons rebuçado e de little black dresses. Gosto de pulseiras enormes, de colares com personalidade e anéis com história. Gosto de malas xxl, de clutches e bolsas xxs. Gosto de blusões de pele, oversized blazers e trench coat com jeans. Gosto de roxo, rosa, vermelho. Gosto de preto. Gosto de moda portuguesa e do talento dos criadores nacionais. Gosto do enfant terrible Alexander McQueen, da elegância de Karl Lagerfeld e Yves Saint-Laurent, da excentricidade de John Galliano, da London de Lady Vivienne Westwood, do Japão de Yamamoto. Gosto da New York de Sinatra e de discos de vinil. Gosto de Coco Chanel. Audrey Hepburn, Jacqueline Kennedy, Kate Moss. Gosto de moda enquanto pecado e gosto da intemporalidade de um bom corte. Vivo e respiro moda e, por esse motivo, me sinto tão contente por, a convite da SIM, escrever sobre moda na minha cidade para a minha cidade.
Para mim, moda é arte e, sendo arte, toca-nos a todos pelo seu cariz de humanidade – feita pelo Homem para o Homem.
Embora haja dados que confirmem a costura de peles desde 40 000 a.C, a moda começa a desenvolver-se na Idade Média, sendo que, só no século XIX surge como a conhecemos hoje. A moda reflecte a evolução do comportamento das sociedades e, nesse sentido, é também um fenómeno sociocultural. Muito mais do que produtos de consumo, as peças que compõem os coordenados que usamos, as escolhas que fazemos antes de sair de casa são um reflexo de quem somos, de como nos sentimos, do que fazemos, da forma como vemos o mundo e o outro. E, creio, reside aí parte da essência da moda, ser espelho da personalidade e individualidade de cada um de nós. Um estilo próprio, criado a partir do gosto pessoal, é uma manifestação pura do nosso lugar no mundo.
Quantas mensagens retiramos a partir da primeira imagem que temos de alguém? Essa primeira imagem condiciona, à partida, a forma como abordamos o outro, as expectativas que criamos e, ainda, a qualidade do tempo que lhe dedicamos.
A primeira impressão que aqui fica minha é criada pelo poder das palavras e não pela força da imagem. Mas posso escrever que, como quase sempre, hoje vesti um vestido e um sorriso rasgado. Se há uma tendência perene, então, essa é ser feliz e confiante na própria pele.
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Amei a cronica linda!!! força aí!! "Se há uma tendência perene, então, essa é ser feliz e confiante na própria pele." amei prontos!! lol
ResponderExcluiruau!!! Parabéns, sabe muito bem ler o que escreves, incrível!!!!
ResponderExcluirBeijo,
joana marinho